Anos Finais Fundamental

ORIENTAÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Gestão das escolas

Este é um dos pilares que sustenta uma perspectiva de educação integral: uma gestão escolar bem estruturada e com foco no desenvolvimento integral e no aprendizado é central na garantia de uma educação de qualidade, que promova equidade e reduza desigualdades. Para isso, a gestão deve compreender as especificidades dos Anos Finais do Ensino Fundamental e dos estudantes desta etapa, além de ter uma escuta ativa e estar aberta ao diálogo, trazendo o trabalho colaborativo e a participação da comunidade escolar para sua essência.

A proposta de educação integral para os Anos Finais considera que a gestão escolar deve ser composta por seis dimensões:

Construção de espaços de participação dos estudantes e estabelecimento de canais de comunicação acessíveis a toda comunidade escolar. Importante a garantia de espaços de participação dos adolescentes na tomada de decisões que os afetam, já que isso fomenta uma cultura democrática e possibilita que a liderança escolar planeje e tome decisões que efetivamente tornem a instituição uma escola que promova a educação integral. (Veja mais no item sobre participação).

Atuação da liderança escolar na criação dos vínculos de confiança com os estudantes, promovendo ambientes seguros, de escuta e acolhimento. Além disso, é fundamental o acompanhamento das atividades pedagógicas para que se estimule a participação de todos.
Acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem, junto à coordenação pedagógica, que considere o comportamento dos estudantes e como eles estão lidando com as suas emoções, e não apenas suas notas. A partir desse olhar, promover mudanças significativas no processo, que colaborem com os adolescentes nas suas dificuldades e avanços.
Acompanhamento das atividades escolares voltadas para atender às demandas dos adolescentes nos aspectos cognitivos e socioemocionais, junto à coordenação pedagógica.
Coordenação e execução das ações que necessitam de recursos financeiros, envolvendo a comunidade escolar e reconhecendo as especificidades da etapa dos Anos Finais. Gerenciamento das alocações de profissionais que atuam na escola.

Orientação e acompanhamento das ações formativas para os profissionais da escola, buscando uma organização da rotina escolar que garanta que os professores possam participar dos momentos formativos.

O papel de liderança da gestão escolar exige um planejamento dos processos educacionais, de modo que eles sejam organizados na rotina de forma intencional. Isso requer gestão do tempo para articular todas as demandas da função, trabalho colaborativo entre quem compõem a equipe gestora (diretor, vice-diretor e coordenação pedagógica) e estabelecimento de vínculos de confiança com os profissionais e estudantes, que devem ser construídos cotidianamente.

Apesar de ter a liderança da escola, uma gestão escolar dos e para os adolescentes não se consolida caso seja realizada de maneira isolada, sem as contribuições e integração de toda a comunidade escolar. É fundamental o órgão central da secretaria de educação organizar orientações para a gestão escolar e ações formativas voltadas ao seu desenvolvimento profissional, de modo a promover a efetivação da proposta.

Alô, liderança! Dicas para implementação:

Na adoção da proposta, algumas ações junto às lideranças escolares podem ser apoiadas e acompanhadas pela secretaria de educação. Assim, recomenda-se a criação de diretrizes para as escolas ou a sua revisão, caso existam, levando em consideração as práticas e processos já estabelecidos na rede, mas contemplando orientações que partam da secretaria para as escolas e fomentem a corresponsabilização das lideranças escolares. São elas:

  • Orientar as escolas para que possam construir e revisar seu Projeto Político-Pedagógico, de modo a contemplar as premissas da proposta e os princípios da equidade, diversidade e inclusão das adolescências na sua pluralidade.
  • Apoiar as escolas no processo de construção de um Plano de Ação anual, com as atividades, prazos e responsáveis, como desdobramento operacional do PPP.
  • Orientar as escolas na estruturação de seu currículo, tendo em vista a proposta curricular dos Anos Finais do Ensino Fundamental da rede e considerando as matrizes curriculares adotadas por cada unidade escolar.
  • Orientar o desenho dos processos de avaliação interna, relacionadas, principalmente, à avaliação formativa, de modo que as escolas possam adotá-la como uma prática fundamental. 
  • Apoiar o desenvolvimento de processos de participação efetiva dos estudantes e das famílias nas unidades escolares.
  • Orientar as lideranças escolares sobre seu papel de liderança no processo de desenvolvimento dos profissionais de cada escola, em consonância com a proposta formativa trazida pelo Referencial Pedagógico (encontros hora-atividade, por exemplo, podem ser aproveitados nessas formações).
  • Apoiar a elaboração dos planos de aula e sequências didáticas, tendo em vista a perspectiva pedagógica expressa pela proposta, que contemple metodologias ativas e criativas , recomposição de aprendizagens, especificidades das adolescências, etc.
  • Orientar as lideranças escolares com práticas e processos que favoreçam a transição entre etapas (Anos Iniciais para os Finais do Ensino Fundamental; e Anos Finais para o Ensino Médio) para que as transições sejam uma continuidade do processo de aprendizado sem grandes rupturas.
  • Apoiar a organização dos recursos e espaços escolares. As orientações para gestão escolar podem prever que os espaços devem propiciar a convivência respeitosa, a atuação cidadã, a inclusão, o respeito à diversidade das culturas dos adolescentes, etc. É importante dizer que os espaços podem ser adequados sem, necessariamente, envolver custos financeiros, mas não se pode esquecer que é papel da secretaria de educação viabilizar condições favoráveis de trabalho nas unidades escolares.

Implementação dos marcos legais para a promoção da diversidade e inclusão

Para que sua rede consiga impulsionar a equidade racial, diversidade e inclusão é fundamental que, em parceria com a secretaria de educação, as lideranças escolares considerem na sua função a implementação e fortalecimento dos marcos legais instituídos para essas temáticas. As práticas pedagógicas, o material didático e as formações das escolas devem estar alinhadas às normativas relacionadas à educação das relações étnico-raciais e superação de desigualdades, como as Leis 10.639/03 e 11.645/08, bem como devem estar atentas às diretrizes da educação para pessoas com deficiência e para ações que incluam e respeitem pessoas LGBTQIAPN+. No item sobre o currículo indicamos as normativas mais relevantes sobre a temática.