Avaliação nas escolas
Na escola proposta pelo Referencial Pedagógico a aprendizagem para todos é um princípio e um direito dos estudantes, partindo da premissa de que todos são capazes de aprender e apresentam diferentes formas e tempos de aprendizado. Tendo isso em vista, as práticas de avaliação podem ser um caminho estruturante e estruturado para que esse direito seja assegurado.
De início, é preciso superar a ideia de avaliação como prova-nota ou instrumento de controle, barganha, culpabilização e punição dos estudantes. Nesta proposta, ela é vista como um poderoso instrumento para a promoção das aprendizagens e do desenvolvimento integral.
A avaliação também precisa estar adequada com os recursos de acessibilidade, promovendo atividades que dialoguem com as diferentes condições das deficiências, distúrbios e transtornos. O referencial pedagógico dessa proposta de escola adota como perspectiva central uma avaliação formativa, que envolve o estudante ao longo de todo o processo e aproveita características próprias das adolescências, como a construção da identidade, a tendência à problematização e questionamento e a abertura a novidades, para mobilizá-los a refletir sobre si mesmos e suas aprendizagens. Além disso, valoriza o desejo do estudante por mais autonomia e interação, articulando essas características com momentos de autoavaliação e avaliação entre pares.
De todo modo, é importante que a rede organize um sistema de avaliação alinhado ao currículo, visando o monitoramento e a adoção de medidas em favor da ampliação da aprendizagem dos estudantes. Os sistemas de avaliação são uma forma de aferir se o direito à educação (que pressupõe aprendizagem) está sendo alcançado. Também serve como referência importante para a formulação e implementação de ações assertivas e eficientes no nível da sala de aula, da escola e da rede de ensino.
Alô, liderança! Dicas para implementação:
As estratégias descritas anteriormente são ferramentas importantes para desenvolver os processos de avaliações formativas nas escolas. Assim, ao revisar ou (re)organizar a proposta curricular da rede considerando esta proposta, é recomendado que também sejam elaboradas orientações sobre como as avaliações devem acontecer. Esse documento pode ser criado em conjunto com os próprios docentes da rede, de modo que todos compreendam a importância de estruturar outros formatos avaliativos contínuos, em que os estudantes possam ser também protagonistas.
Para as redes que ainda não possuem um sistema de avaliação estruturado, é preciso ter atenção:
1. aos princípios para coerência entre as avaliações internas e externas que, segundo o documento da Frente de Avaliação do CONSED e UNDIME, devem considerar:
• abordagem holística (os diferentes tipos de avaliação devem formar um todo coerente e integrado);
• alinhamento com objetivos educacionais;
• foco na melhoria das práticas de sala de aula;
• prevenção contra incentivos indesejáveis (foco deve estar no desenvolvimento do estudante);
• inserção do estudante no centro do processo;
• desenvolvimento de capacidades em todos os níveis (das escolas até a gestão da rede);
• gerenciamento de necessidades locais e específicas;
• alinhamento e articulação entre os atores e processos avaliativos.
2. às questões de gênero e equidade étnico-racial;
3. aos usos pretendidos das avaliações;
4. às formas de divulgação de resultados e realização de devolutivas;
5. ao uso de resultados e planejamento da intervenção pedagógica junto à rede;
6. caso a rede não possua sistema de avaliação externa da aprendizagem para os Anos Finais do Ensino Fundamental, é recomendado instituí-lo, quer seja por gestão direta ou contratação de serviços dessa natureza.
É recomendado que se priorize o cruzamento dos resultados de desempenho e fluxo com as informações sobre o perfil dos estudantes, de modo a avaliar como as desigualdades e defasagens educacionais se apresentam entre as escolas da rede. Isso possibilita que as lideranças das secretarias reconheçam as desigualdades existentes com base em gênero, raça, etnia, classe, sexualidade, deficiência, entre outros marcadores sociais, com vistas a construir estratégias para que todos os estudantes consigam exercer a sua potencialidade (veja mais informações no item sobre estratégias de monitoramento e avaliação do Plano de implementação, e no item sobre o acompanhamento pedagógico das escolas).