Participação nas escolas
A fase da adolescência é um momento privilegiado para o desenvolvimento de habilidades sociais, de protagonismo e de formação cidadã, sendo que a escola dos e para os adolescentes potencializa intencionalmente essa oportunidade. São diversas as instâncias de participação que as escolas podem promover e é recomendado que a secretaria de educação fomente isso, fornecendo diretrizes e respaldo institucional às escolas.
Concretizar a participação autêntica e o protagonismo dos estudantes
Na escola dos e para os adolescentes há a premissa de que a ação educativa se estende a todos os espaços e, nestes diversos locais, é necessário promover ações mediadoras e atividades de modo que os estudantes possam vivenciar e desenvolver habilidades relacionadas à convivência, à participação e à atuação cidadã. Entre as possíveis atividades, estão conversas, debates, reflexão e interação, além de experiências artísticas e culturais.
A adolescência também é uma fase bastante propícia para o desenvolvimento da autorresponsabilização e do autocuidado, e a escola pode aproveitar esse momento, pois é nos Anos Finais do Ensino Fundamental que acontece uma ampliação paulatina de sua autonomia, demandando mais responsabilidade e organização; ao mesmo tempo, podem ser pensadas situações que favoreçam a participação autêntica dos estudantes e seu protagonismo no processo de aprendizagem.
Alô, liderança!
Dicas para implementação:
É recomendado fomentar que as escolas organizem espaços formais de participação democrática e convivência cidadã dos estudantes, como clubes juvenis, coletivos, grêmios, assembleias etc. Todavia, a diretriz da rede de ensino pode indicar que a participação e a atuação cidadã extrapolem esses momentos e perpassem todos os espaços e ações da escola, assim como a comunidade escolar como um todo deve ser envolvida.
Por estarem em pleno desenvolvimento de suas interações sociais, os adolescentes tendem a gostar de aprender de forma colaborativa e sentem-se desafiados por projetos e atividades que estimulam a resolução de problemas. O desenvolvimento de ações pedagógicas que prezam pelo trabalho cooperativo, colaborativo e voltado para a resolução de problemas fomenta o protagonismo estudantil e podem ser adotadas na rede.
Tornar o ambiente escolar um lugar propício à convivência ética, participação escolar e atuação cidadã
O ambiente escolar deve ser propício à convivência ética, à participação e atuação cidadã de todos os membros da comunidade. Para que isso aconteça, outros atores podem ser acionados. É importante, então, que a escola, a família e outras instâncias de atenção e cuidado dialoguem e façam pontes entre os adolescentes, serviços e redes de promoção do desenvolvimento integral e bem-estar.
Algumas práticas cotidianas podem ser estimuladas nas escolas, visando concretizá-la como um espaço seguro, acolhedor e respeitoso. São elas:
Cuidado com as pessoas
Cuidado com as relações
Não violência
Contra o preconceito e o bullying/cyberbullying
Práticas que sejam capazes de diagnosticar e detectar essas situações de perseguição, ridicularização e agressão, na esfera virtual e presencial. Diferentes ações podem ser desenvolvidas como debates, rodas de conversa, campanhas educativas e sensibilização para o uso e segurança de dados e privacidade junto às redes sociais.
Antirracistas
São práticas que se propõe a transformar o currículo, as lógicas, os discursos, as posturas e os modos de tratar as pessoas negras, assim como pessoas indígenas e de outros grupos vulnerabilizados historicamente. A pauta antirracista deve ser inserida como um pilar das ações da rede e do Projeto Político-Pedagógico das escolas, sendo que o engajamento da comunidade e a formação dos profissionais sobre o tema são ações de extrema importância.
Democráticas
Integração com as famílias
Práticas que possibilitem que elas sejam aliadas da escola na promoção do desenvolvimento integral dos adolescentes. É necessário construir bons vínculos com as famílias, por meio de ações de acolhida e comunicação contínua. Projetos de intervenções positivas nas escolas e na comunidade, rodas de conversa sobre questões da adolescência, participação em ações pedagógicas, encontros individuais sobre o desenvolvimento de cada estudante, podem ser colocados em prática.
Integração com a comunidade
Práticas que abram as portas das escolas e estabeleçam parcerias para a realização de atividades educativas nos espaços do entorno. A comunidade também precisa conhecer a escola, por meio de ações de comunicação e eventos abertos. Conectar as escolas aos serviços de saúde e assistência social de cada território para encaminhamento de casos de estudantes é também um papel das redes de ensino, no desenvolvimento das redes de apoio para os adolescentes (veja mais sobre esse assunto no item sobre o trabalho em rede).
Alô, liderança!
Dicas para implementação:
Os espaços escolares podem ser planejados como lugares que promovam o acolhimento, a participação, a interação e o convívio escolar. Veja mais sobre orientações para a organização da infraestrutura das escolas. A secretaria pode elaborar, caso ainda não existam, diretrizes às escolas para efetivar a convivência cidadã e a participação escolar, considerando recomendações para as diferentes dimensões:
- institucional, com a garantia de espaços de gestão participativa e com o desenvolvimento de estratégias dialógicas para resolução de conflitos, considerando diferentes colegiados da escola (associações familiares, conselho escolar, assembleias, reuniões com familiares e reuniões comunitárias etc.);
- curricular, com a garantia de espaços no currículo para discutir convivência, valores e desenvolvimento socioemocional;
- pessoal-relacional, considerando a qualidade dos relacionamentos de toda a comunidade escolar envolvida, de modo que o exemplo seja a materialização cotidiana da convivência ética e responsável.
Para que estas diretrizes sejam efetivadas, é importante realizar espaços de vivência e sensibilização sobre elas. Assim, facilita-se a compreensão e se diminui possíveis resistências.