Anos Finais Fundamental

ORIENTAÇÕES PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA EDUCAÇÃO INTEGRAL NOS ANOS FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Referências pedagógicas

A escola proposta pelo Referencial Pedagógico traz ideias e conceitos para proporcionar uma aprendizagem significativa que acolha e potencialize os estudantes, contribuindo para que possam se desenvolver plenamente. Para isso, ela vem acompanhada de referências que a sustentam e que devem ser conhecidas por todos envolvidos na implementação, desde a liderança até a equipe escolar. Além disso, é necessário que elas sejam traduzidas nas diretrizes da política educacional como um todo e nas ações educativas.

Com todo este panorama em mente e na busca da garantia do direito de todos a uma educação integral de qualidade, a atuação deve ser orientada em prol da promoção da equidade, diversidade e inclusão. Essas ideias precisam alicerçar a prática educativa e serem desdobradas em estratégias e diretrizes para cada rede de ensino. Como direcionamento da perspectiva pedagógica, é importante que a secretaria de educação que queira implementar essa proposta de escola  se oriente por alguns aspectos específicos detalhados a seguir.

A educação integral para os Anos Finais deve…

É importante que as equipes técnica/pedagógica das secretarias de educação e das escolas tenham conhecimento das transformações físicas, emocionais e sociais pelas quais os adolescentes passam, ajudando-os a vivenciá-las de forma segura e acolhedora e potencializando as oportunidades que trazem. Durante a adolescência, o neurodesenvolvimento gera refinamento de habilidades como tomada de decisão, resolução de problemas, regulação de emoções, entre outras. Além disso, estão presentes características, como a abertura ao novo, vontade por experiências desafiadoras e força criativa, que podem ser cuidadas e potencializadas na ação educativa. 

A sociabilidade e as interações sociais se fazem presentes e são fundamentais para criação de vínculos saudáveis e colaborativos entre os adolescentes e deles com seus professores e suas famílias. Esses espaços e tempos podem ser intencionalmente criados pelas redes e escolas e sustentados pelo respeito às diversidades, identidades e culturas inerentes a esse momento de vida. 

Um fator presente nessa interação dos adolescentes é a cultura digital, utilizada a favor da aprendizagem, sendo parte das estratégias pedagógicas. Ela pode ser promovida pela ótica da formação de cidadãos crítico-reflexivos, capazes de acessar informações, selecioná-las e utilizá-las de modo responsável e comprometidos com a ética e a democracia, preservando a saúde mental e o bem-estar de si mesmo e dos demais. Ainda que a escola possa enfrentar desafios de infraestrutura, é importante que haja um olhar intencional para aproximar a cultura digital da vida dos adolescentes, especialmente para prepará-los para um uso consciente.

Para concretizar a educação integral, é primordial enxergar o adolescente que há para além do estudante, conhecendo e incidindo no seu desenvolvimento intelectual, físico, emocional, social e cultural. Essas dimensões são indissociáveis e fundamentais para o processo educativo. É preciso reconhecer que os estudantes têm diferentes tipos de potencialidades, interesses e modos de aprender, e, para o propósito da aprendizagem, há de se considerar os desafios da contemporaneidade que atravessam a trajetória dos adolescentes e impactam no seu aprender. 

Dessa forma, diversas abordagens e práticas pedagógicas devem ser disponibilizadas a fim de garantir o aprendizado de todos de forma ativa, significativa, visível e criativa. A crença no potencial de todos os estudantes e na sua capacidade de aprender deve ser cultivada. Isso não significa que todos aprendam do mesmo jeito ou que não existam dificuldades, mas sim que altas expectativas sobre cada um deles, independente da sua trajetória e dos seus marcadores sociais, devem orientar a proposição de novas estratégias e condições de aprendizado diferenciadas para quem está em situação desigual, recuperando defasagens que impedem uma trajetória escolar exitosa.

Os adolescentes devem ser compreendidos como protagonistas da sua aprendizagem, sendo que nesta etapa da vida escolar tem-se a ampliação paulatina da sua autonomia, demandando mais responsabilidade e auto-organização com o passar dos anos. É importante que se promovam atividades colaborativas, projetos gamificados desafiadores, situações de retomada de conhecimentos prévios com identificação do que ainda não se aprendeu, questionamento de pressupostos, conexão entre seus interesses e experiências com novos conteúdos, levantamento de hipóteses, tomada de decisões responsável, participação ativa, vivências de processos criativos e diálogo e negociação com outras pessoas. 

O incentivo ao protagonismo do estudante na sua aprendizagem está diretamente relacionado ao fortalecimento do papel dos docentes, já que são eles que colocam o currículo em prática junto aos adolescentes. É importante a valorização e o apoio dos educadores no planejamento, na construção de propostas pedagógicas e com formações continuadas. A participação ativa dos educandos e educadores transforma o processo educativo.

O espaço físico é uma parte importante dos processos educativos, pois ele propicia o acolhimento, a convivência e a participação, favorecendo a aprendizagem e o desenvolvimento integral. Por isso, devem ser intencionalmente planejados e adequados de acordo com a demanda e o interesse dos estudantes, atentando-se à sua faixa etária. 

Além de organizar os espaços para que sejam ambientes seguros de interação e aprendizagem, é importante que os seus usos sejam pensados de forma a possibilitar a convivência ética, a participação escolar e a atuação cidadã. Para que isso se concretize podem ser oferecidas atividades que promovam debate, reflexão, interação, além de experiências artísticas e culturais que valorizem e respeitem as culturas juvenis.

Para que se alcance o desenvolvimento integral dos estudantes há de se existir uma gestão que esteja alinhada com as características e potencialidades das adolescências, construindo uma escola com participação ativa da comunidade escolar e onde estejam presentes a escuta ativa, o diálogo e o trabalho colaborativo. Nesse caminho, devem ser desenhadas práticas e rotinas de gestão planejadas e participativas. Garantir tempos, canais e espaços de escuta, de acolhimento e de participação autêntica dos adolescentes na tomada de decisões que os afetam, permite que as lideranças façam planejamentos de modo a construir uma escola que seja, de fato, para os adolescentes.

Pensar a aprendizagem numa perspectiva de educação integral também é conceber avaliações que dialoguem com as adolescências e sejam estratégicas, dialógicas, colaborativas e inclusivas. Assim, a avaliação formativa, superando a ideia equivocada de instrumento de controle e punição dos estudantes,  torna-se um poderoso instrumento para a promoção das aprendizagens e para o desenvolvimento integral, partindo da premissa de que todos são capazes de aprender e apresentam diferentes formas e tempos de aprendizado.

Para compreender em maior profundidade a concepção e funcionamento da proposta, é recomendada a leitura completa do Referencial Pedagógico de Educação Integral para os Anos Finais do Ensino Fundamental.